segunda-feira, 26 de julho de 2010

descoincidências.......

Hoje estava no avião e ao ler Mia Couto fui sendo apedrejada por todas as letras que formavam aquelas palavras. Ele tem um dom de acabar comigo e me fazer ter esperança. Mas mesmo assim eu senti dor. Dor como provavelmente sinto todos os dias. Mas como meus dias não me deixam sentir tudo o que acontece comigo eu não percebo. Ele escreveu: demasiado sua para ele sentir posse. Sera que foi isso que aconteceu. Sera que fui demasiado dele. Pode ser que eu não saiba responder isso de imediato. Pode ser que seja absurdo eu ainda hoje lembrar disso. Mas me entendam: eu não penso mais nele. Eu penso em mim. Pois esse desencontro me levou para longe de mim e o retorno esta sendo lento.
Eu sei que fui dele. Sei que fui dele como nunca fui de mim. Mas por que ser de uma pessoa nos faz perdê-la. Não sei. Penso, pois como não sinto eu penso demais, que talvez sejam assim que as coisas acontecem.... eu não sei. Lembrei agora de um dia na minha casa: eu o chamei para jantar.... eu o convidei para ficar comigo. Ele veio. Ele também tinha necessidade de mim. Jantamos, falamos sobre filhos, falamos sobre dores, sentimos todas as dificuldades que nos cercavam. Lembro que senti claramente a necessidade dele por mim. Ao nos despedirmos ele me puxou, ele me enlaçou e eu me afastei..... eu não queria aquele abraço, eu não queria aquele beijo. Eu queria que ele sentisse a mesma ausência que eu sentia todos os dias. Eu queria que ele ficasse com a minha ausência grudada nele.
Pois era só isso que eu tinha. Sua ausência grudada em mim. Acho que ate hoje carrego essa ausência. Me entendam eu não o amo mais. Mas o problema é que não amo. Não quero amar o mesmo homem. Esse homem foi por tão pouco tempo um emaranhado de vontades e desejos que me fizeram morrer e viver a cada segundo de uma forma diferente. Eu não o culpo, já fiz isso por muito tempo, eu culpo tudo aquilo que não aconteceu e que eu enlouquecidamente quis que acontecesse. Foi isso o que deu errado. Eu quis coisas alem do que eu via. Alem do que eu sentia. Eu culpo essa necessidade. Essa vontade. Nem eu nem ele tivemos culpa. A vontade de querer mais foi o meu vilão e carcereiro. Foi nisso que fiquei presa. Essa era a minha certeza naquele momento. Eu queria mais, ele queria mais. Só que o mais de cada um não era o mesmo para nós. Ele só fazia sentido para casa um de nós. Eles nunca se falaram. Nunca se encontraram.
Por isso o amor não pode ter alfabeto. Por isso hoje eu abandono esse desencontro. A vida não é um encontro..... o que acontece no dia a dia são sempre descoincidências que me fazem seguir.....

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