terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eu te beijo de manhã e vc me beija de manhã........

Outro dia estava na minha cama com meus dois filhos. Henrique estava deitado dormindo ao meu lado, Helena, que também dormia, na ponta da cama. Como bons satélites quando eu me movi foi como uma força forçando que os dois também se movessem e quando senti novamente dois rostos se encostavam ao meu. Os dois dormiam profundamente e mesmo assim os dois me beijaram. Será que foi o cheiro? Será que é a certeza que eu estava ali? Será que era simplismente uma reação espontânea quando temos alguém ao nosso lado? Não sei, mas fiquei pensando que quando tenho ao meu lado um homem tenho essa reação: eu o beijo, mesmo dormindo, pelo simples fato dele estar ali. Beijo o braço, beijo as costas, beijo a mão. Simplismente beijo e sinto aquela vontade de me aproximar, de me encaixar. Mesmo quando estou afastada, num outro canto da cama. Com isso acho que o melhor de dormir com outra pessoa é o beijo que perdemos e encontramos na cama. Por isso eu te beijo de manhã e vc me beija de manhã.......

sábado, 25 de setembro de 2010

Intranquilidades........

Tenho dormido e acordado assim: intranquila. A razão? Sei e não sei...... acho que estou cansada de mim. Estou cansada dessa pele, dessas roupas, desse olhar. Acho que o ponto é este: cansada desse olhar. Sinto que passo os dias a olhar para tudo e para nada ao mesmo tempo. Tenho que me preocupar com tudo e todos, com os detalhes que enxergo e os que os outros querem enxergar. Estou cansada. Quero acordar ou dormir e olhar o que é importante. Quero passar uma tarde num café lendo um livro velho e conhecido. Quero deitar numa praia vazia. Quero deitar numa cama que seja minha. Encontrar um novo e velho amigo. Quero ver um filme e rir novamente da coisa mais sem sentido que estiver passando. Mas não quero chorar. Não quero derramar uma lágrima a mais........

domingo, 1 de agosto de 2010

Medo de te amar

A vida é engraçada, para não dizer cínica, vc esta bem, tranquila e do nada ela simplesmente resolve te mostrar que nao existe um canto tranquilo onde vc pode se esconder das vontades que vão te ferindo no dia a dia. Por isso eu digo e sei que tenho medo de te amar. Não existe um alguém em especifico agora. Mas isso não é o importante o importante é que eu tenho medo. Por isso quando eu dou de cara com a minha cara feliz depois de um dia, noite, tarde bom eu morro de medo. Passo a ter noites intranquilas, a ter sonhos intranquilos (como fala meu amado Otto). Por isso tenho medo de te amar demais, mas como na vida tudo pode acontecer, eu simplismente vou......

segunda-feira, 26 de julho de 2010

descoincidências.......

Hoje estava no avião e ao ler Mia Couto fui sendo apedrejada por todas as letras que formavam aquelas palavras. Ele tem um dom de acabar comigo e me fazer ter esperança. Mas mesmo assim eu senti dor. Dor como provavelmente sinto todos os dias. Mas como meus dias não me deixam sentir tudo o que acontece comigo eu não percebo. Ele escreveu: demasiado sua para ele sentir posse. Sera que foi isso que aconteceu. Sera que fui demasiado dele. Pode ser que eu não saiba responder isso de imediato. Pode ser que seja absurdo eu ainda hoje lembrar disso. Mas me entendam: eu não penso mais nele. Eu penso em mim. Pois esse desencontro me levou para longe de mim e o retorno esta sendo lento.
Eu sei que fui dele. Sei que fui dele como nunca fui de mim. Mas por que ser de uma pessoa nos faz perdê-la. Não sei. Penso, pois como não sinto eu penso demais, que talvez sejam assim que as coisas acontecem.... eu não sei. Lembrei agora de um dia na minha casa: eu o chamei para jantar.... eu o convidei para ficar comigo. Ele veio. Ele também tinha necessidade de mim. Jantamos, falamos sobre filhos, falamos sobre dores, sentimos todas as dificuldades que nos cercavam. Lembro que senti claramente a necessidade dele por mim. Ao nos despedirmos ele me puxou, ele me enlaçou e eu me afastei..... eu não queria aquele abraço, eu não queria aquele beijo. Eu queria que ele sentisse a mesma ausência que eu sentia todos os dias. Eu queria que ele ficasse com a minha ausência grudada nele.
Pois era só isso que eu tinha. Sua ausência grudada em mim. Acho que ate hoje carrego essa ausência. Me entendam eu não o amo mais. Mas o problema é que não amo. Não quero amar o mesmo homem. Esse homem foi por tão pouco tempo um emaranhado de vontades e desejos que me fizeram morrer e viver a cada segundo de uma forma diferente. Eu não o culpo, já fiz isso por muito tempo, eu culpo tudo aquilo que não aconteceu e que eu enlouquecidamente quis que acontecesse. Foi isso o que deu errado. Eu quis coisas alem do que eu via. Alem do que eu sentia. Eu culpo essa necessidade. Essa vontade. Nem eu nem ele tivemos culpa. A vontade de querer mais foi o meu vilão e carcereiro. Foi nisso que fiquei presa. Essa era a minha certeza naquele momento. Eu queria mais, ele queria mais. Só que o mais de cada um não era o mesmo para nós. Ele só fazia sentido para casa um de nós. Eles nunca se falaram. Nunca se encontraram.
Por isso o amor não pode ter alfabeto. Por isso hoje eu abandono esse desencontro. A vida não é um encontro..... o que acontece no dia a dia são sempre descoincidências que me fazem seguir.....

terça-feira, 6 de julho de 2010

Angolana, portuguesa ou nada disso ao mesmo tempo.....


Ok, ja estou ficando viciada (e olha que tem dois minutos que voltei).

Mas não posso fechar essa noite sem falar do que atualmente me tira dias e noites de pensamentos livres (daquele tipo que não da em nada, tipo novela das 6).
Mas voltando a questão da pátria. Eu nunca em minha vida tinha percebido que isso era importante ate o dia que meu pai morreu (no ultimo dia 01 completaram dois anos). Não digo isso por meu pai ter sido uma grande influencia portuguesa na minha vida. Mas ele era de certa forma a mais constante. Minha mãe sempre me passou a ideia de que não tinha raízes. Ja meu pai sempre que podia voltava para Portugal. Sempre que podia estava com pessoas da sua pátria. Acho que isso de certa forma me deixava mais próxima de Portugal e assim dele. Mas quando ele foi...... tudo caiu. Meu mundo veio abaixo e eu me vi pela primeira vez sem raízes e sem pátria. Por favor, não me entendam mal. Eu tenho raízes, so não sei bem onde elas estão. Fui criada no Brasil, mas não me sinto brasileira. Me sinto em alguns momentos carioca. Mas não brasileira. Tenho dois filhos brasileiros mas eu não sou.
Um amigo me disse que isso não era importante. Minha analista me fala que isso era o mais importante. Então continuo cheia de duvidas...... mas alguma coisa tem mudado e acho que tem relação com a minha crença. A cada dia que passa me aproximo mais da minha África, da minha Angola. Mas eu a descubro pelos olhos e palavras de outras pessoas. Acho (olha eu achando ai) que preciso ter os meus olhos e as minhas palavras sobre ela, mas enquanto isso não acontece. Uso as palavras de Sophia de Mello Breyner Andresen:
" Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silencio e por renuncia
Ate a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades...."


Sempre que me mundio eu me encontro com ela!!!!!
Como boa macumbeira, tenho minha santa de coração e não podia ser outra.
Salve Fátima.......

Mundiar..........

Ja tem um tempo que não apareço por aqui. Mas uma amiga querida me disse que eu devia voltar a escrever. Por isso aqui estou eu...........

Os registros no meu corpo vão se aglomerando. Registros de dores, registros de amores, registros de mudanças. E por falar em mudanças....... numa semana dessas qualquer que já passou pela minha vida escrevi uma dedicatória para um novo amigo num livro que dei para ele. Nessa dedicatória contei, de forma bem resumida, que tem dois anos que estou mudando. Mudo todos os dias. Mudo quando acordo e quando chego de noite já mudei novamente. Quem ler isso vai achar que sou louca, ate sou preciso assumir.... mas não estou fazendo essa leitura. Sabe quando vc passa uma vida inteira achando demais? Essa fui eu. Sempre achei demais. Minha frase sempre era eu acho isso, eu acho aquilo. Eu hoje não acho porra nenhuma. Eu honestamente tem dias que não me acho em lugar algum. Escutei nesta mesma semana que podia ser qualquer outra que tem algumas pessoas que "mundiam". Isso significa que são pessoas que se perdem por ai. Mas não um perder comum..... se perdem de si, são encantadas pela vida. Em alguns momentos que acho que mundiei de mim. Estou tentando bravamente me encontrar e normalmente esbarro comigo mais de uma vez por dia (isso já esta no lucro). O encontro faz bem, mas da um medo danado. Não entendam que acho que mundiar seja ruim. Nem um pouco. So da medo, mas esse mesmo medo me faz olhar e mesmo mundiando eu me encontro em mim. Mesmo mundiando eu quero tatuar todas as mudanças que estão acontecendo. Mesmo mundiando em quero me perder novamente mas não de mim........